Monday, May 26, 2008

Acidente

O barulho ensurdecedor deste mercedes

No fim da noite desgracei-me nuns vertiginosos 260 km/h

Não sei onde tenho a cabeça

Não sei de qual dos dois é a culpa

Se é culpa do condutor que acelera compulsivamente o meu carro

Caixão improvisado com vista para o céu estrelado

Sim porque hoje há mais estrelas logo na noite em que decidi sair comigo mesmo

Ou se a culpa é de quem não me diz para eu parar, para tirar de mim

este desejo de me conduzir a um fim

Carros no sentido oposto parecem me ligar os máximos de espanto

Ainda respira o futuro morto

Vai descontrolado por vontade própria, não resistirá

Que ceife sua vida e não a dos outros, bêbado irresponsável

Mas estou sóbrio, só não lhes digo isso, porque já não quero olhar para tudo o que deixo para trás

Queria só entender-me e mas não vou conseguir

O carro foi acelerando, acelerendo tanto como a minha vontade de encontrar respostas

Porém entendo que nunca as saberei, talvez haja nisto tudo uma sensação de alívio...

Como se me esquivasse a um último teste ou exame à qual não tinha estudado

e que a desculpa fosse tão convicente que o professor benevolente, lá consentia-me 10 valores...

Sinto-me irresponsável, deslargo-as mãos do volante, o mostrador chega ao seu limite ...

O carro despista-se e aceito a minha morte, que preversa, me concede mais alguns seguntos de esperança, dou por mim a fazer cálculos sobre o meu corpo projectado entre estilhaços no ar, verifico que o carro catapulta-se, contorcendo seu esqueleto de metal e as faiscas e médios produzem uma dança frenética, será o convite ao inferno?

Como sempre deixei coisas por fazer na minha lista, instintivamente pensei no que era fútil e agora que os perco definitivamente, quero lhes dizer o quanto os amo, porque o amor ficará bem mais vincado que a marca destes pneus...

Amei-os muito, meu corpo até agora flutuante, contacta a terra e finalmente despedaça-se

Pensei que não seria assim o fim, olhei o céu estrelado e não senti mais nada.

































































Voltei a acordar, senti finalmente dores, tantas e em todo o lado.

À minha volta estão aqueles em que pensei por ultimo, choram, abro os olhos

Sinto calor nos meus olhos que enfrentam agora os olhos de quem amei e sempre estiveram comigo


Desgraçado, que valente susto! - Oiço... tento sorrir...

Entendo a sua preocupação, mas com a mesma vontade que me impedi de parar, vou acelerar de novo para a vida agora...


Espero te bem amigo

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