Tuesday, February 12, 2008

Tango a meia luz...


Meia noite, meia de vidro corpo em contradição, circulo de velas damas em meu redor...soalho de madeira suave...gasta por tantos rodopiar de corpos, cansados...respirações ao ritmo da própria batida do coração... coração este que senti à minha espera do outro lado do corredor.

Senti que meu coração não m pertencia já...agarrado à música ao desejo de querer...entrar devagar no corpo de uma mulher, porém meu pé torto e aleijado receava cambalear...mas em gesto confiante recordei minha alta estirpe e envolto meus braços num corpo torneado de mulhar, corri a pista, caminhei pelo rubro vermelho do compasso, contra os ponteiros do relogio, com calma e segurança...senti o desejo da mãe da mulher que eu queria para mim... naquela noite.

Estou velho por dentro....tão facil me sinto em ser elegante para aqueles que o tempo ornamentou de sensatez, patina de sensualidade... vivacidade na juventude e brilho distinto... dancei com Lhasa, e em falta ficaria... se não dissesse o quanto me agradou sua sensatez...segurança e rebeldia...

De peito grande...doce e terno... tive vontade de mergulhar minha boca...tocar lhe mais de perto...ser matreira raposa...será que ela sentira em mim... tais perigos... ou vira em mim simples rapazito... inocente ainda nos seus primeiros passos de tango... falavamos, eu ouvia-a com atenção, agradava o cuidado dela... o prazer genuino de convidar a dançar, no meio da pista eu abri um pouco mais seu decote... e olhei do outro lado da pista para Esmeralda sua filha.... tigre de bengala... indomada senhora de homens... de seus sonhos e preversos desejos.

Quis a mãe dela...quis seduzir ambas...megalonamo espirito o meu...tantas vezes maior que meu corpo, ilimitado na sua soberba fome, o espirito sentia pela primeira vez esta dança clara de educação... meus dedos enormes desejavam...correr a curva das costas...porém nao podiam...impor mais que sua força...e sentia o peito bom... daquela mãe...encostado ao meu...olhei lhe de cima...ela sorriu.

Do outro lado... um ódio novo, inesperado Esmeralda...incomodava.se...não gostava de minha presença nem tão pouco do meu gozo verdadeiro em aprender a dançar tango, desejando fazer amor com sua mãe...ali mesmo... no meio da pista...suor calor... velas girando à nossa volta... e seu fulgorante e rijo peito tocando no meu.

Ganhas jeito depressa disse ao que respondi...que tudo é mais fácil quando a professora estimulava o aluno a querer sempre um pouco mais, gargalhou nervosa...puxei-a para mim e disse num quase sussurro que a queria nas escadas escuras daquela velha fábrica....afastamo-nos e sorri para a filha...aproximei-me com calma aparente... pois instigar uma fera é sempre algo que evito...e disse por fim... que não sabia ainda dançar mas que aprendia depressa, pois tinha encontrado uma amavel e gentil professora.

Ela astuta...perguntou-me quais as minhas intenções...para com tão nobre senhora... ao que respondi... que meu profundo interesse residia em aprender depressa para com ela dançar, convidei-a entretanto para um chá mais tarde... num espaço neutro onde minhas forças se equivaliam às dela... e despedi-me dizendo que me ia embora, sorriu e reparou que sua mãe por instantes tinha desaparecido...também...num canto escondido...viam-se algumas máscaras de carnaval... o que me deu mote para o que planeava fazer... juntar mãe e filha...num tango por mim orquestrado.

3 pedras

Tinha juntado de novo as 3 pedras mágicas pequenas mas enormes em significado uma negra outra vermelha e outra branca todas elas belas todas elas fundadoras de sonhos realidades e caos, sim porque é preciso desordem e angustia para depois nos lábios de uma mulher encontrar finalmente a salvação. Faltavam 24 horas para o mal fadado dia... de São Valentim e perturbado pensei primeiro em iludir-me em admitir o peso de tudo o que carrego em mim.... eu sou pecado, sou traição, sou desejo e loucura, sou façanhas de uma noite, gemidos e medos, sou segredos nos olhos dos quais já esqueci, sou a morte adiada, e nesse dia...penso se não seria mais facil descansar, assumir-me cristão e amar, dividir espaços e ideias... enlaçar-me como hera, e crescer forte com raizes em vez de permanecer suspeita semente ao vento, que pousa em roliço decote ou anca para mais tarde ser sacudido. Tinha juntado as 3 pedras mágicas no bolso e tocava-lhes fazendo rodopiar cada entre os dedos de minha mão, também esta a perguntar-me onde pousaria agora, sem ter reparado tinha me afastado da avidez de outros tempos onde coleccionava as cores mais incriveis, sentia-me tão satisfeito por ter agora só aquelas 3 cores... a negra mulher de noite e mistério de tinta e escritas fascinavam me, seu sangue era negro também como seus olhos, como o poço e tunel escuro, como o medo que ela me levava a sentir, a vermelha era fogo, o calor da carne e pecado a força dos lábios e da marca do baton, gemido bom, pernas e risos, sem pudor sempre viciante sempre com o poder de me tornar animal.... a branca sempre me negara viver para além dos seus sonhos....porém em condição acertava, intocada fazia de seus sonhos minhas mais francas vontades... ela fazia o sol acordar-me primeiro para a ver dormir, o mergulho em profundo azul, o voo do pássaro... o olhar mais luminoso que tudo dizia sem palavras, o abraço...

Assim eram as 3 pedras, minhas pedras meus alicerces, regra daquilo que sou...e vendo-me assim, contemplando o que a vida já me deu... declaro guerra ao santo e se por ventura for ele, o justo vencedor... não temerei em render-me...pois-se todos os santos tem um passado... todos os pecadores tem um futuro.

Wednesday, February 06, 2008

Então é isto...?

Um pedaço de mim...

Um pequeno pedaço de mim... ali...

Pousado também ele a olhar-me...

Vida berro, luta e fim...

Luzes, barulho confusão chinfrim...

A morte sempre irá assustar.me...

A dor ou o amor, qual deles é pior, se custa partir,

Custa ausentar-me

De tudo o que é bom...

Sei que amar é bom, amar-te-ei para sempre

Sabendo que sempre é só um bocado.

Obrigo-me a crescer, em suma admitir

Que um dia tudo me será negado

Por isso dá-me a mão

Sem birras sem dizeres que não,

mais vale ter tentado do que ter fugido.