Wednesday, July 09, 2008

Tempestade... repetida

Conseguirás desafiar o amanhã a meu lado ?


Estava tão habituado a sentir o vento através de mim, que nunca tinha sentido prazer de estancar o frio, proteger-te pequenina e tornar-me então teu impermeável e desta feita sentir o calor que vem de dentro. Espanta-me ainda teu sorriso e agarrar-me forte de olhos fechados, estás a habituar-te a mim, a mim que nunca soubera preocupar-me com alguém para além de mim.



E se eu for a força deste mundo, mais demolidor que qualquer outra força que alguma vez se tenha visto, se for capaz de voar, explodir, engolir, afogar, perfurar, morder, esmagar, matar. Assustador a liberdade que me deram, vejo o que me corre nas minhas veias, tão igual e ao mesmo tempo tão diferente que todos os outros que aceitam os dias e o bem como segurança, como medida acertada, a revelação de ter em mim a escolha, de enfrentar todos os mundos, comandar rebeliões, novas guerras e revoluções quero me vivo, para escolher matar, destruir anular criações, é essa a minha obra de arte, a aniquilação e desafio de ser julgado não por homens, por esses não serei tocado.


Mandarei bilhetinhos de amor, como outrora o Jack mandou à Scotland Yard, e serei julgado como victima, por ser tão parecido com todos os outros que em frenesim e medo que lhes proporciono de forma despretensiosa, ofereço lhes vida e morte... o sangue daquela mulher tão bela...seios alvos perfeitos a apontar para o ceu...o ventre rasgado ao meio por cirurgico bisturi... e um olho desaparecido, que será encontrado enrolado a um jornal daqui a 3 semanas, noutro bilhetinho... noutro país que ainda se julgue protegido e onde belas hospedeiras me sorrirão à chegada.

Escolher foder.te... escolher amar-te...escolher matar-me aos poucos também... mas saber que escolho... leva me a mais um dia, mais uma boa noite...


Voltando à hospedeira, gostei daquele sorriso tão seguro, tão convicto de promissor ascensão, em camas de poder e perigosos loucos, sorri-me saber desta atração do belo pelo horrendo, aquele corpo torneado em musculos e cuidados, amores e regras levaram-na a tornar-se bela rapariga, convicta de saber valer atributos tão apreciados nos dias de hoje, toquei-lhe abeixo do peito e desci minhã mão homicida até sua cintura sorri-lhe em confiança e com a outra mais delicada, coloquei cirurgicamente um papelinho perfumado em seu decote, pressionei ligeiramente à saida de gesto tão descarado meu dedo indicador entre seu peito tão suave e disse-lhe que a cidade era nova para mim e havia muito que queria descobrir nela... olhava lhe o corpo e sorria-lhe... ela na sua farda azul tão provocante como profissionalmente integra, autoridade à qual não se deve dizer que não dentro de um aeroporto, ali estava...surpresa, agradada ao descaramente daquele homem sujo de sol e barba de 3 dias, e mãos fortes... ao ouvido falava-lhe de uma casa velha, num sitio escuro com vista para o Moulin Rouge e que não queria jantar sozinho... disse-lhe ainda que era artistas como o antigo Toulosse e que aquele corpo merecia existir num quadro, num memorável acontecimento... estava a ser implacavel... sentia sua respiração tremida... sentia seu peito duro... e não gritara até agora... com minha lingua tão perto do seu ouvido... que não lhe daria tempo para gritar... imaginava até e já... uma mordaça...que lhe ofereceria junto com a sobremesa... dizendo lhe q era assim q a gostaria de desenhar... com alça caida...e mordaça... para não gritar... se eventualmente nos deixassemos levar... pelo desejo... teria a exausta sorrindo para mim... sem proferir som nenhum...

Perguntou-me... quanto tempo iria eu ficar naquela cidade... disse lhe que só aquela noite...tal como ela... ao que ela respondeu sorrindo que ficaria 2 dias... sorri-lhe... como podemos ser tão ingenuos, como se a vida fosse ela garantida, por mais tempo que um proximo respirar.

Oporto

- Olá... Estava à tua espera. Sempre gostei de parar aqui, não m sinto de cá, nem de fora daqui, de qualquer maneira era importante ser noite e as luzes estarem deste tom novamente para cumprir a promessa que tinha feito a mim mesmo, trazer aqui e comigo alguém. As imagens desta cidade ficam sempre gravadas na minha memória e o engraçado é que se estivesse contigo agora em Lisboa me perderia facilmente.


-Está frio aqui, mas estava farta de estar em casa, não entendo como é que consigo ainda ter televisão e rádio em casa, talvez o silêncio para variar fosse a solução, mas o gesto é involuntário, juro que é. (dá uma risada)


Sorri e abraça-a vendo o Porto que adormece. - Ai abençoada victima, chega-te mas é pra cá, para o quentinho de um abraço e curte o som do vento, sabes... também não gosto do silêncio absoluto.


-É quase uma pergunta não achas?

-Hum...?

-É é! Uma pessoa quando se sente rodeada por aquele silêncio, o quarto passa a sala de introspectiva inquisição. O silêncio pergunta, porque é que me chamas-te? Olha para ti ai, sem saber o que fazer ou no que pensar.

-Canta.

-Canto? (sorriso) Parece simples mas estás só a adiar o inevitável a música chega ao fim e depois?

-Pensas nos meus beijos.

- Yhuuu! Antes não pensar e além do mais nunca te beijei.

- Mentira.

- Mentira? Talvez mas o silêncio ia deixar de te chatear por uns tempos.


-Hum... Aldrabão. (nova risada) Só me fazes pensar em disparates.

-E mesmo assim cá estamos os dois abraçados neste parapeito a ver a cidade em lutas também ela com os seus silêncios. Se eu e tu alguma vez nos calarmos, que seja por te dar um beijo.


-Porque raio te haveria de dar um beijo.

-Na verdade encontro mais facilmente razões para te beijar que de não o fazer.

-Oh sim!...O que tu queres sei eu...

Ele diz baixinho ao ouvido -Acho que se soubesses não me abraçarias, sou desprendido de coração há muito tempo, a vontade de te beijar e obrigar.te a respirar de excitação é aliciante, gostaria de tentar provocar-te sempre que não te apetecesse ouvir rádio e televisão. (Ele começa a fazer festas no seu rosto com o nariz e dá lhe um beijo no pescoço, despreocupadamente e volta a olhar para a noite)

-Abusado.

(Silêncio)

  • Ela sorri e diz num repente- Mas nunca te beijei pois não?

  • Ele puxa para ele e dá-lhe um beijo repentino... que depois se prolonga...com lingua e dedos correndo seu corpo. - Agora já!