Friday, July 07, 2006

Primeira Morte

O bisturi escapara de sua trajectória cortando unha e dedo ao meio, excitado de horror o dedo era agora pinça ensanguentada que procurava de novo a justiça do que antes houvera, um indicador em vez de dois, a unha partira-se seria impossível dissimular, porem a carne e sangue fervorosamente lutavam para que não passasse de um sonho mau, este dilacerar.
Comovido Larko, rasgou um pedaço de pano e atou o dedo em pano embebido em vodka, a dor fizera que ele acordasse da escuridão, o sangue estancava e a carne voltava ao seu lugar, a unha crescera nova e a cicatriz mal se via.

A noite é um manto de desculpas esfarrapadas, o deleite da solidão já me provou ser eu que vivo errado e giro ao contrário do mundo, 15 minutos separam Larko da casa de Lisnas, Lisnas abre sempre a porta jurando ser a ultima vez, Larko despe-a e toca-lhe como se ela fosse barro em movimentos oscilantes, puxa-lhe os cabelos, corre com seus dedos por sua boca, procuram nela a negação e resistência, depois a excitação e por fim seu declarado prazer. Lisnas não esconde, pois todo o corpo treme, ainda em pasmos, marcas de desejo ficam marcadas, nódoas negras, dentadas, chupões, acima de tudo cansaço e a porta ainda aberta, quase a fechar, mas Larko mais uma vez, não a ultima vez, impede a porta de se fechar e sai.

Lisnas chora nunca quis Larko, nunca quis que fosse ele, seu maior prazer, mas seu corpo nunca o recusará, por mais desconhecido que ele seja.