Sunday, December 10, 2006

O Gato Glutão

Gato glutão a nada se habitua
Engole o Sol e cospe a lua
Ama-te a ti, a mim e muitas outras
Como recompensa manda-lhe pedras
Gato vadio não sabe onde cai
Sem dar um ai ou um miado
Habituou-se a não ser cuidado

Arranha em cada afecto
A dormência é seu prato predilecto
Precisa do vento frio no pelo
Para projectar seu olhar predatório
Perdido e nebuloso
Dizem que é quase cego

No sexo ele é sempre mais do que satisfatório
Convencido o foragido
Desafia por ser o melhor
Ele é silencio ele é dor
Todos acreditam nas suas sete vidas
Umas curtas, outras compridas

Mas ninguém quer contar sua história
Por nele verem sua derrota
Ele protege-se no espelho que adornam seu sorriso
E por nunca ter sido preciso
Investe tudo no arremesso
Pelo menos o que dele conheço

Gato assim até pelado
Quase morto enfrenta o fado
Arrastado pela culpa de ainda vivo
Ser por teu olhar posto à prova
Aspira seu declínio
Tal o medo de ser verdadeiro.

Ahhhh vinho que arde
A ultima estocada nesta tarde
O mais quente inferno de tuas pernas
Os Gatos nasceram a saber de tango
Dos oitos que alucinados, baralham inteiramente.
Bebem vinho e cativam solteiras.

Grito mudo de quem quer picar
Com seus mais elegantes bigodes
E tu sacodes… sacodes?
Dás lhe corda para ele atacar-te
Morder teu pescoço e acalmar-te
Na excitação que vem no final

Vem beber deste vinho…vem…
Sabes que eu não digo a ninguém
É esse afinal o meu maior prazer
Saber-me parte do teu lado mau
Ser o teu encontro de ultimo grau
O teu espanto e satisfação

Friday, December 08, 2006

Revolver em roleta russa e rosas na minha campa...

Eu não estou aqui para o teu entretenimento!
Tu de certo não quererás arriscar em demasia o que em mim é verdadeiro, provocar “frisson” é ilusão fácil a alguém com minhas mãos bigorna de cobra, por um lado massivas como martelos por outro lado veneno quente e sensual.
Mas não é ilusão o que decidi mostrar, eu vim para ser aquele que está lá fora quando não há nada para amar. O que sinto por ti, faz-me não desejar-te ficar sozinha depois de todas as luzes se apagarem, quero ficar contigo em tudo ou quase tudo e por culpa minha de não te conceber de outra maneira, sofro a final e luto com os meus demónios que também despertas… como só tu sabes fazer. Estou cá fora, coisa dos gatos vadios, nunca são realmente convidados a entrar. Quando abris-te a janela, atirei-me da mesma, anseio teu grito de morte, cuidado que me daria asas, ou a morada certa para ter caminho de chegada no final de tudo, pois algo existe um conforto que não entendo e que eu próprio luto em manter hermético se conseguisse.
Não te comprometes e eu não admito rival.
Desculpa minhas variações de humor se eu soubesse não ser criança, incomoda-me confidenciar-me em ti, ser vítima de mim próprio quando t procura perto. Se visto cobertores de chuva, quando passo por tua morada, é por me querer em cobertores somente por ti partilhados, é me inconcebível dividir-te, se peguei no ultimo trem e parti é por não gostar de estar longe.
Na minha ausência um beijo atordoou-lhe os sentidos, um abraço e outras mãos a prenderam, deram-lhe outros prazeres. Era esse o pacto, encontrarmo-nos só no fim… talvez fosse…mas a que custo? Já não corro tão seguro quando a cada novo passo sinto-te mais… e sempre insubstituível.