Saturday, October 28, 2006

Berlim

Havia uma pulseira de coro com estranhos ornamentos na mão direita de cada monitor, seres estes, que silenciosos corriam a cidade em busca do precioso líquido que une a vida à morte.
A pulseira era a ultima peça de roupa, aquela que os distinguia e que curioso efeito causava, pois em vez de assustar as vitimas as atraíam e excitavam – tanta gente que prefere trocar a vida por uma noite onde pode viver tudo sem procurar – pensava Dmir, enquanto sentia no corpo as ultimas metamorfoses, bastaria colocar a pulseira e passaria a ser definitivamente Larko, o mais recente dos monitores.
Abriu a janela e voou para o cimo da torre, onde outros o esperariam para uma nova caçada, de olhos fechados, conseguia sentir o pulsar da cidade, a excitação vã de quem desejaria facilmente por fim a uma vida patética, por uma noite de prazer, a cidade é um bicho caprichoso, podia bem ser ele o caçado, pois da mesma forma como sentia a excitação ignorante, sentia também o seu reflexo, ele pouco sabia de sua natureza e eram sem duvida os da sua natureza que mais o assustavam. Seria seguro permanecer humilde em tudo o que aprendia.
Havia um clube de Havana, onde os ritmos latinos se superavam, 4 andares onde a exuberante batida latina, guiava olhares e movimentos de anca, onde o álcool era forte e queimava, onde a provocação e a liberdade dançavam juntas.
Ali haviam mulheres sedutoras, que caminhavam sós procurando a surpresa e a inevitabilidade que por vezes surge implacável, tal a força de um desejo ou conquista.
Larko gostava de sorrir e aproximar-se devagar, faze-las sentir sua presença sem proferir palavras apenas sorrisos e o colar … depois… o físico surgiu antes do verbo ou acção e Manuela dançava agora demasiado perto, curiosa às reacções daquele estranho homem. Que indecente assumia na sua confiança, seus melhores traços de confiança, o beijo surgiria, ela desejava-se render, porém não tão cedo.
Ele não sabia esperar e desapareceu na noite, encontrara em rápido lance uma jovem embriagada de corpo vivo, que agarrou logo e suas mãos correram-na inteira, ela estava excitada e perdida, Larko cobriu-a facilmente e usou seus longos dedos para encostá-la à parede, tocando-lhe aos olhos invisíveis de quem por eles passavam. A jovem tinha vindo com amigas que entretanto tinha julgado mal aquele estranho homem e desse modo tinham perdido para sempre, sua amiga.
Larko despiu-a num telhado, e correu sua língua por aquele peito suave e dourado á luz da lua, ela entregava-se ainda assustada pela loucura que aceitara consumar, as mãos enormes conduziam-na sob o corpo daquele homem forte e intenso. As respirações tornavam-se mais vibrantes e ela não reparara no olhar do predador negro, nem que sua pele…se tornava cada vez mais transparente, o caminho ao clímax era inevitável, ela suava e proferia as ultimas palavras… o grito de prazer que se ouviu…alimento finalmente seu caçador, que entranhando-se dentro dela a fizera desaparecer para sempre esquecida naquela gigantesca cidade.
A cada nova descoberta Larko se tornava mais apurado e esquivo, chegara a hora certa, corria a noite em busca de um nome…

1 comment:

PL said...

Hummm...cativante.