Sinto que o tinto bem podia ser
Grená escuro e noite de longo prazer
Sinto que minto bem podia ver
Que o corte distinto era traço de mulher
Que fazia a noite tombar
A rua descer e o chão faltar
Fazia meu corpo aquecer
Teu fogo, cigarro longo por acender
Trago após estrago acabei assim
Dono da rua que é dona de mim
Passa após passo o calor é vão
Vadio me tornei vazia minha mão
Senhor de coisa nenhuma
Curioso na alça que cai como pluma
Quero teu nome num papel
Telefone e endereço pra chegar à tua pele
Rasto em arrasto violência mil
Faminto persigo ziguezague de teu quadril
Travo no lábio, saliva a crescer
Sabes que venho pelo gosto de ter
Corpo que desnudo, carícia a sentir
Sabes no escuro que estou a sorrir
Este puxar-te a mim beijar.te o umbigo
Teu corpo minha noite e meu abrigo
Penetrante, ofegante, terrivel ladrão
Pendular dança bandida, corpos em tremor de chão
Escalamos ao mesmo tempo um cume de prazer
Eu egoista e tu sem querer
Hummmmmmmmmmm Hummmmmmmmmmm
Hummmmmmmmmmm Hummmmmmmmmmm
Hmummmmmmmmmm Hummmmmmmmmmm
Hummmmmmmmmmm Hummmmmmmmmmm
Descansamos tombamos na vertigem do cansaço
Da tinta dourada em teu doce regaço
Escritor de mapas na tua pele me torno
Brinco em despedida ao frio retorno
E no sossego da noite repousas por fim
No brilho da tua vida, onde não há lugar para mim
E eu visto me de penumbra enrijeço ao frio
Na espera que novamente me procures no meu vazio
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