Uma boca chegava e dizia “bom dia” e desaparecia sem rumo certo, o” bom dia” ficava naquela sala como pó a assentar, ouvia-se um bom dia sussurrado enquanto a porta basculante se agitava na sua partida.
Um olhar que a via como traço no papel ao entrar e sair a sala, ansiava que tal boca tão bem desenhada ficasse, aquele olhar angustiava a tormenta acumulativa de ficar calado todo aquele tempo, sempre que a boca passava.
Uma mão de dedos contorcidos pianava o tampo da mesa marcando o compasso e lembrando o quente daquela boca, a outra mão segurava um cigarro acabado que também o queimava… não tanto como aquela boca.
Um ouvido ansiava que aquele nervoso panorama fosse quebrado em grande estrondo, invejosa curiosidade, atenta ao mais ínfimo fulgor de todos os que viam a outra mulher passar.
Um nariz ancião equilibrava balanças e descobria fraquezas e aspirações, cada fragrância tinha sua vivencial razão, cheirava a desejo alado, a tremula inocência, a ilusionista provocação e morte.
Sunday, June 17, 2007
Sentidos I
Publicada por Larko em 6:37 PM 2 comentários
Havia uma janela para o infinito azul
Havia uma janela para o infinito azul, ondas salgadas e quentes espreguiçavam-se ao chegar, e o sol estendia os mais finos raios pensando em possui-la ali mesmo, correndo lânguido suas pernas e queimando em desejo o que aquele decote insinuava. O corpo daquela mulher fazia o sol queimar e chegar mais perto da sua janela.
Lá em baixo na cidade branca, a virilidade humana, os músculos e vozes olhavam para aquela janela, para aquela mulher e queria que ela caísse lentamente como pluma nos seus braços. Sabiam ser senhora de seu nariz, senhora de tantas sardas como estrelas e olhar para o céu de noite, naquelas noites quentes era como imagina-la nua.
Publicada por Larko em 6:22 PM 0 comentários
A luz corre como bala
A luz corre como bala
Só teu sorriso me protege
Teu olhar embala
O lado mau que me rege
Sabias me assim
Sem magia só manha
Ainda zombas de mim
Com essa risada tamanha
Pedi te um beijo
Disseste não
Queres me rijo
Perdes a razão
Porque saltas na cama?
Porque és sol em mim?
Pediste-me um beijo
Disse-te nim
Pequeno-almoço na cama
Distraída vês na Tv. cavalos
Chamo-te topo de gama
Recebo dois pares de estalos
Irra doeu… és estúpida ou quê?
Derrubas-me num forte abraço
Perguntas me o porquê?
Fazes um coração no meu braço
Eu perdoo, não tens explicação
Enrolas meus nos teus pés
Só para ouvir o teu coração
Contas ovelhas mas só até dez
Afinal não queres dormir…!
Apertas te a mim assim malvada
O futuro ainda está pra vir
Mas não queres saber de nada
A tarde é tua
O corpo que é meu
Dizes uma capicua
Leio em ti o que ninguém leu
Mordi teus ombros
Fui mãos interrogativas
Ergues me dos escombros
Danças e cativas
Os dias são coloridos
Pintora eléctrica e louca
Faço os dias mais compridos
Só para beber o néctar dessa boca
Gostas de Fred Astaire
Mordes os lábios como a Briget Bardot
Não valorizas o que podes ter
Ficas contente com o pouco que dou
Publicada por Larko em 6:21 PM 0 comentários
Esfolei o gato...nova vida... já só restam 6...
Sentir.te... obrigo a sentar.te...sem arte... abandono.me do que é certo...
Sentido... num vazio permitido sem nada...sinto a pele esfolada...
Beijaste-me e calas.te o grito mudo... Contudo
É teu beijo meu unico desejo...
Não pares... explica-me o infinito em numeros pares
Deixa me perplexo...exausto no teu sexo...
E espero.te nas curvas mais apertadas...
Encontro.te nas horas por ti marcadas....
Aprendi a viver no escuro... o sol deixa-me cego...
Tactei.o em queda livre como morcego
E mato... só assim sossego em mim este bicho do mato...
Assisti da minha janela à primeira morte... o gato primeiro morreu...viva o gato!
Publicada por Larko em 6:07 PM 0 comentários